domingo, 22 de janeiro de 2012

Bonjour, je m’appelle Fernandá

Hoje é o meu aniversário de dois anos na França. Ano passado, eu relembrei neste post a história de como vim parar aqui. Neste ano, resolvi fazer um balanço despretensioso e aleatório de alguns aspectos da minha vida por aqui.

Coisas com as quais me acostumei
- Ser chamada de Ferrrrnandá. Assim, com aquele “R” arranhado do francês e transformando a palavra em oxítona. No começo eu achava estranho. Fui acostumando aos poucos. Hoje nem ligo mais, é o meu nome, apenas com uma pronúncia alternativa.

- Ter que subir e descer 6 lances de escada a cada vez que chego ou saio de casa. Em Paris, elevador não é para todo mundo, não.

- Pegar o trem para o trabalho todos os dias e ver que praticamente todo mundo ao redor está mergulhado em um jornal ou em um livro. É raríssimo que algum desconhecido puxe papo com você, assim, do nada, dentro do trem ou do metrô, o que pelo menos comigo acontecia o tempo todo no ônibus no Brasil.

- Ver gente vestida / penteada de todas as maneiras possíveis e ninguém dar a mínima. É turista japonês com cabelo roxo e tênis amarelo, africano com aquelas túnicas coloridíssimas, jovem da periferia cheio de correntes e com o jeans no meio da bunda, velhinhas respeitáveis com as compras da feira, jovens engravatados indo para o trabalho e jovens francesas bem maquiadas mas com penteados estranhos, todo mundo no mesmo vagão de metrô e ninguém está nem aí.

Olha o penteado...
- Acompanhar a previsão do tempo como se fosse novela, e conversar com todo mundo sobre isto.

- Carregar uma sacola de tecido na bolsa para poder fazer minhas compras, já que vários supermercados não dão sacolinhas plásticas. E fazer compras aos pouquinhos, já que aqui não tenho carro, é a pé mesmo (e ainda por cima tenho que subir 6 andares de escada chegando em casa!)

- As greves. Faz tempo que não tem uma, aliás, tô sentindo falta! :-)

Coisas com as quais acho que nunca irei me acostumar
- Tanta gente fumando.  Já falei sobre isto aqui, e minha opinião continua exatamente a mesma.

- O mau humor de vendedores franceses. Não vou generalizar,é claro, mas tem muitos estabelecimentos comerciais que têm um sério problema em prestar serviço aos clientes. Sério: como é que o cara quer que eu continue vindo na padaria dele se ele é mal educado ao me vender uma baguete? Se você não gosta de ser simpático com as pessoas, mude de profissão, vendas não é para você.

- Ver homens crescidos e engravatados indo ao trabalho de patinete. Patinete. Sério. Não adianta, vejo quase todo dia, mas dá “tilt” no meu cérebro. Ele não processa.

Homem de camisa e calça social, esperando o trem ao sair do trabalho... e carregando o patinete!
- Todo mundo desejando feliz ano novo durante o mês de janeiro inteiro. Muito estranho, mas é assim. Você não viu alguém ainda em 2012 e vocês se encontram para almoçar no dia 20 de janeiro? Seu amigo francês vai chegar falando: “Ah, a gente ainda não se viu, bonne année!”.

- Franceses tirando sarro por causa da Copa de 1998. O Zidane já se aposentou faz tempo, né, gente, vamos moderar?

- Brasileiros que vem para cá e depois ficam dizendo que francês não toma banho mesmo, afinal vejam só como o metrô de Paris fede. Os meus amigos queridos não fazem isto, claro (beijo!), mas virou mexeu eu acabo ouvindo estas coisas de algum conhecido, alguém que eu encontro em uma festa, etc. Duas perguntas para estas pessoas:  
1) Você já pegou ônibus lotado às cinco da tarde em São Paulo? Achou cheiroso? Mesmo? 
2) Você acha realmente que eu teria casado com um francês e moraria aqui se eles não tomassem banho? :-)

9 comentários:

disse...

Nossa, quanto tempo a senhora não aparece por aqui hein?

Pô, 6 andares é dureza! Carregando compras ainda por cima, uau, ta' de parabéns. Assim nem precisa sair pra malhar hehe...

Quando ao cigarro, é verdade, a galera aqui fuma mesmo. Mas melhorou muito de uns anos pra ca' qdo proibiram o fumo em restaurantes e bares. Antes era MUUUUITO pior. A gente ia nuns restaurantes deliciosos e mal sentia o gosto da comida com o cara do lado jogando fumaça na sua cara. Entao hoje em dia nem acho ruim nao.

Que francês fede, olha, eu morro de raiva de gente que diz isso. E' exatamente o que vc falou: é nêgo que nunca pegou transporte publico no Brasil, pega metrô em Paris e fica falando mal do cheiro. Pior é os que so' ficam falando disso, como se fosse a maior verdade do mundo. Na boa, todo francês que eu conheço toma banho todo dia. Tem gente que cheira mal? Tem, assim como no Brasil também tem. Um saco gente espalhando preconceito (falso) por ai', né?

Beijo grande Fernandá! Ah, sim, e bonne année, ainda estamos em janeiro hehe!

Taciana disse...

Fér, que volta boa ao blog!!!!

Só uma coisa que eu vivi aqui também: outro dia, na frente de um prédio de escritórios na faria lima, vejo um cara de terno saindo de patinete e entrando com tudo na avenida. Na FARIA LIMA! Às seis da tarde!!! Caiu meu queixo! Nunca tinha visto uma maneira tão inventiva de se matar em sp, hahahaha.

Bjs,

taci

Fernanda disse...

Dé,
Pois é, eu andei sumida mesmo. Andei trabalhando demais, e trabalhar demais me da' aversão a computador, eu quero distância quando saio da empresa. E ainda por cima o meu pc pifou, ai ja viu, mas eu vou ver se volto a escrever com um pouco mais de frequência.
6 andares é dose, mas a gente acostuma. E o pior é que precisaria sim malhar mais hahaha
Bonne année para vc tb, rs, a gente podia marcar um encontrinho um dia desses!

Taci,
Vai ver esse cara na Faria Lima era francês! Importando habitos! hahaha

Tania Ziert Baião disse...

Fernanda!
Adorei!!!!
É isso mesmo!!!
Abraços

Christina Brech disse...

Oi, Fernanda, eu nunca comentei, mas descobri seu blog pelo da minha amiga Dé e queria comentar sobre a questão do banho.

Acho que tem pelo menos duas diferenças com relação ao Brasil que pioram a questão do cheiro, mas que não são o banho: desodorante e roupas usadas.

Alguns franceses usam a camisa ou camiseta mais de uma vez, sem lavar (não estou falando de blusa ou calça jeans, mas de uma peça que está em contato direto com o corpo). A outra coisa é o desodorante. Alguns franceses não usam desodorante, pois este contém substâncias cancerígenas em sua composição.

O resto acho que é diferença na cabeça das pessoas. Brasileiros em geral acham falta de respeito não estar sempre cheiroso. Muitos franceses acham que isso é humano. E acho também que isso tudo não diz respeito só aos franceses, mas a outros europeus também.

Enfim... É só a minha opinião, baseada na minha experiência e em conversa com amigos franceses.

Bem, é isso.

P disse...

Ah, que legal o post, Fernandá!!!
Olha, isso do cheiro da França, eu não posso comentar... de outros países da Europa, eu já ouvi relatos graves... hehehe... do tipo que no fim do expediente, o escritório parecia uma micareta de buzão. Aí é penoso.

Qdo li o post lembrei do que um amigo português-brasileiro falou outro dia... alguém falou mal de português e ele disse "se não fosse por nós, vcs não poderiam ficar 3 dias sem tomar banho no inverno". Todo mundo olhou pra ele e disse: "Mas e nós podemos?" hahahahahahaha...

Concordo que falta um pouco de noção nesses comentários, eu tb ficaria irritada! Vc tem toda razão... Qm pega buzão em SP sabe como brasileiro cheira bem! Uhauhauhauah....

Mto bom ter notícias suas! Q legal!

Camila disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Camila disse...

Hoje lembrei de você e procurei o blog pra acompanhar um pouquinho da sua vida... Um pouco atrasada, mas adorei o post...

Fiquei imaginando você disfarçadamente tirando uma foto do penteado da mulher no metro, ou do patinete do francês, pra nos privilegiar com algumas ilustrações..

Saudades!

Beijos

Mila

Anônimo disse...

Acho que pessoas da minha classe social tem uma vida bem difícil aí. Os imóveis em Paris, são minúsculos, e caros. Aqui posso ter uma casa própria com garagem, suíte, quintal e jardim por um preço bem melhor, e sem este monte de escadas cansativas. Se queremos tomar sol é só abrir a porta e estamos no jardim ensolarado, com temperaturas que mesmo no inverno são boas. Não precisamos frequentar parques públicos lotados de gente fumando. Mas aí em Paris para se ter um padrão destes você precisa ter muito dinheiro.

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