domingo, 27 de março de 2011

Início da primavera

A primavera neste ano começou bem agradável aqui em Paris. Claro que no final de semana o tempo teve que dar uma piorada (um pouco de chuva, temperaturas mais baixas), mas a semana passada foi excelente, céu azul e sol todos os dias.

Este pequeno post é para ilustrar os efeitos da mudança do tempo no dia-a-dia e no humor de todo mundo por aqui. Vejam a curva de temperaturas de sexta/sábado :



1) sexta-feira, 12h, 18°C
Decidir com os colegas sair para almoçar em algum restaurante com terraço (em vez de comer na cantina)

2) sexta-feira, 16h, 21°C
Começar a pensar em alguma coisa para fazer à noite para aproveitar que o tempo está bom.

3) sexta-feira, 18h, 20°C
Sair do trabalho carregando o sobretudo nas mãos, e lembrar que é melhor tirar o trench do armário e levar à lavanderia.

4) sexta-feira, 20h, 19°C
Encontrar com os amigos em um barzinho, sentar em uma mesinha na calçada, pedir uma cerveja e ficar jogando conversa fora.

5) sexta-feira, 21h30, 18°C
Decidir que está tão bom ali, para quê ir procurar um restaurante?! Pedir um sanduíche.

6) sexta-feira, 23h30, 17°C
Voltar para casa tranquilamente, sem ter que correr porque está aquele frio danado na rua.

7) sábado, 10h30, 16°C
Acordar, ver que o tempo continua bom, levantar para aproveitar o dia. (ao invés de ficar dormindo até às 13h...)

Ah, e para ajudar, hoje começou o horário de verão. (5 horas de diferença com o Brasil). Adoro sair do trabalho sem aquela escuridão!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Esqui temporada 2011 - A Missão

A primavera começou por aqui no último domingo, e para celebrar o fim do inverno, passamos o final de semana nos Alpes, esquiando. Quero dizer, o Clément passou esquiando – e esquiando muito, aproveitando que estávamos em Méribel, que faz parte do « 3 vallées », um dos maiores conjuntos de pistas de esqui da França, com mais de 600km de pista. E eu passei meu tempo tentando aprender a esquiar direito.

Eu já tinha feito alguns dias de esqui em 2004 e 2005, quando estava na França estudando. Mas como vocês podem conferir nas fotos do blog antigo (cliquem aqui), naquela época eu praticamente passava mais tempo caída na pista do que em cima dos esquis.

Desta vez, resolvi que ia fazer as coisas direito : fiz aulas. O monitor era super gente boa, super paciente e eu realmente sinto que melhorei. Claro, continuo lerda e só gosto das pistas verdes. São quatro tipos de pista: verde – muito fácil, azul – fácil, vermelha – dificil, preta – muito difícil. (Estranho que não tem « médio », né… ou é fácil ou é difícil, e pronto). Cheguei a ir a algumas pistas azuis com o monitor, mas como eu ainda não domino os esquis direito, quando começa a inclinar demais eu começo a cair toda hora, e aí fico irritada. Fiz aula na sexta à tarde e no sábado de manhã, e no domingo de manhã o Clément foi esquiar comigo para conferir o meu progresso.


Até que é gostosinho esquiar, mas pelo menos por enquanto eu não consigo dizer "Amo !". Por várias razões : primeiro que eu odeio cair, e se até quem esquia super bem leva uns tombos de vez em quando, imaginem a minha pessoinha. Segundo que esquiar é extremamente cansativo – no final de duas horas e meia de aula, eu só prestava para me jogar na cama. À noite meu corpo inteiro estava doendo, impressionante, desde a ponta do dedo do pé, passando por pernas, braços, até as costas. E terceiro mas não menos importante, as botas de esqui. Deuses, quem inventou aquelas botas malditas ?! Elas são tão desconfortáveis, pesadas, apertam tanto o pé, e não dá para mexer o tornozelo enquanto você anda – com aquilo no pé eu me sinto um daqueles monstros de desenho animado que andam desengonçadamente destruindo tudo o que passa pela frente. Enfim, faz parte, quem sabe um dia eu acostumo com tudo isso e começo a gostar de verdade da coisa?

Ano que vem, se tudo der certo, vou repetir o esquema deste ano, fazer aulas, e de repente eu passo definitivamente para as pistas azuis… De toda forma, prefiro ir devagar, aprender aos poucos, e não me quebrar inteira me metendo a fazer o que eu não sei. Mas o que eu sei mesmo é que uma das pistas em que eu mais gostei de esquiar neste ano tem um nome que acho que resume bem o meu estilo de esqui : era a pista « L’escargot ». ;-)


Pista de esqui para crianças? Nããão, magiiiina....


quinta-feira, 24 de março de 2011

Petit post: Marine Le Pen e a extrema-direita na França

A minha amiga Ânia me pediu para fazer um post sobre a Marine Le Pen e sua ascensão em pesquisas de opinião para as eleições presidenciais francesas do ano que vem, fato que pelo jeito está dando notícia também aí do outro lado do Atlântico. A Marine Le Pen é filha do Jean-Marie Le Pen, do Front National, partido da extrema-direita e que foi para o 2o turno contra o Chirac em 2002 e deu um susto em todo mundo. E agora, segundo as pesquisas, Marine, herdeira política do pai (que está um pouco caquético, né) poderia causar o mesmo efeito em 2012.

Eu não vou falar muito mais sobre o assunto por dois motivos: primeiro, que eu estou extremamente atolada no trabalho esta semana. (Vou tentar escrever um post sobre o fds no esqui hoje à noite, mas sinceramente não prometo nada). E segundo, há alguns dias li no blog Petit Journal de la Porte Dorée um texto excelente sobre o assunto. Não tem sentido eu fazer um post novo porque iria reescrever tudo o que a Amanda já disse. Então, Ânia e outros interessados em política, cliquem aqui.

(E fiquem mais tranquilos…)

terça-feira, 15 de março de 2011

Eric-Emmanuel Schmitt e o "Cycle de l'Invisible"

Eu adoro ler – sempre gostei, desde pequena. Leio tudo o que passa pela minha frente, na medida do tempo disponível, e adoro conhecer coisas novas. Este autor e dramaturgista francês, Eric-Emmanuel Schmitt, foi minha sogra que me apresentou, com o livro "Ulysse from Bagdad", que conta a história de um iraquiano que foge do seu país, com o sonho de chegar à Inglaterra, e todas as dificuldades que ele encontra pelo caminho. Gostei muito do livro, que é uma versão fictícia, com alguns elementos surreais, de algo que é a realidade de muitos imigrantes clandestinos aqui na Europa.

Depois deste, querendo conhecer mais o autor, passei a um conjunto de livros que é chamado de "Cycle de l’Invisible" ou "Ciclo do Invisível". Atualmente são 5 livros publicados e o autor já afirmou que outros estão previstos. Embora seja chamado de "ciclo", não se trata de uma série, as histórias são totalmente independentes entre si e seu único ponto comum é o fato de ter a relação do homem com a religião como pano de fundo. Todos os livros são curtos (de ler nem em um dia, é numa "sentada" mesmo), com uma linguagem simples mas cheia de poesia e emoção.



"Milarepa" fala de um monge tibetano, é um conto budista. Profundo, faz pensar, mas é o livro que menos gostei, achei um pouco distante da nossa realidade.

"Monsieur Ibrahim et les fleurs du Coran" conta a relação entre um menino parisiense, judeu, nos anos 60, e o sr. Ibrahim, um árabe, de religião muçulmana.

"Oscar et la dame rose" descreve doze dias da vida de Oscar, 10 anos, que sofre de leucemia. Nestes doze dias, ele escreve doze cartas a Deus, incentivado por Mamie Rose (vovó Rosa), apelido carinhoso dado por Oscar a uma senhora voluntária que visita pacientes no hospital.

"L’enfant de Noé" conta a história de Joseph, 7 anos, belga, judeu, que durante a Segunda Guerra Mundial é separado de seus pais e levado ao padre Pons, padre católico em uma pequena cidade da Bélgica que dirige um internato para garotos, onde com a ajuda de outras pessoas salva a vida destes meninos, simplesmente preservando sua identidade.

"Le Sumo qui ne pouvait pas grossir" fala de um adolescente japonês, de 15 anos, revoltado com sua família e que descobre um mundo espiritual após seu encontro com um mestre de sumô. Este é o único livro que eu ainda não li, porque minha sogra não tem e eu ainda não tive tempo de passar na Fnac comprar. ;-)

Pela minha pesquisa rápida no google, todos os livros foram traduzidos em português : Milarepa, Seu Ibrahim e as flores do Corão, Oscar e a Senhora Rosa, O filho de Noé, O Sumô que não podia engordar.

Este é post é especial para a minha amiga Taci, do Ler ou não Ser, que (obviamente) adora ler, e também se interessa por religiões. (viu, Taci ? Você fica alongando minha lista de livros a ler, agora é minha vez, hehehe)

Mas eu recomendo de verdade a todo mundo que gosta de ler, e principalmente para quem gosta de sair um pouco do básico. Eu já decidi que vou ler todos os livros do Eric Emmanuel Schmitt – fazia tempo que um autor não me despertava tanto interesse assim.
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