quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O inverno na cozinha francesa

Bom, como contei nos posts anteriores, o inverno já chegou para valer por aqui. Já foram duas frentes frias com muita neve e uma outra está prevista para hoje (o céu já está começando a ficar beeeeem cinza).

Quando chega este frio todo, nós naturalmente mudamos o guarda-roupa – saem os vestidos e sandálias, entram as botas e os casacos. E mudamos também o cardápio, afinal, quem tem vontade de comer salada com uma temperatura próxima de 0°C ?

Chegou então o tempo dos pratos quentinhos, como sopas, cozidos, muitos molhos, gratinados. E também é hora de três pratos clássicos do inverno aqui na França, os três com origem nas regiões montanhosas e à base de queijos.

O primeiro prato é fácil, pois ele já é relativamente famoso também no Brasil : fondue de queijo. Os outros dois são a raclette e a tartiflette, e com certeza vou ter a oportunidadede falar deles durante as próximas semanas.

Nós inauguramos a "temporada de pratos de inverno" há um pouco mais de um mês, quando estivemos em Caen, na Normandia, onde moram os pais do Clément. Fomos jantar em um restaurante especializado em queijos e escolhemos um fondue de queijo e champignons. Delicioso!

A palavra "fondue" em francês quer dizer "derretido", então o nome já diz tudo: trata-se de queijo derretido. O fondue é uma receita clássica suíça, mas diversas variações foram criadas na França – afinal, com a quantidade de queijos que tem por aqui, convenhamos que dá para ser criativo! A receita mais conhecida na França é a savoyarde: queijos emmental, comté et beaufort, e um pouco de vinho branco. O fondue de queijo é comido com pedacinhos de pão (e às vezes batata cozida) e acompanhado de alguns frios como presunto cru e salame, por exemplo.

Nos supermercados franceses podemos encontrar misturas prontas de queijos para fondue, como existe também aí no Brasil. Mas elas são mais ou menos, bom mesmo é comprar os queijos frescos e fazer a mistureba em casa, afinal, derreter queijo não é lá muito complexo. Restaurantes especializados neste tipo de prato também são boas opções. Este restaurante de Caen, o Maître Corbeau, embora seja especializado em queijos e não em fondue, tem até fondue de chocolate de sobremesa. E fondue de chocolate não é lá muito popular por aqui, na verdade este é o único restaurante que eu conheço que tem no cardápio.

Um outro tipo de fondue bem conhecido no Brasil é o fondue de carne, cujo nome aqui na França é "fondue bourguignonne". O princípio é de espetar cubinhos de carne com os garfinhos de fondue, fritar no óleo quente que fica na panelinha no centro da mesa, e comer com vários tipos diferentes de molho. Na França, normalmente acompanha uma salada e batatas fritas ou batata chips. O nome bourguignonne vem de Bourgogne, uma região da França, mas isto não quer dizer que se trata de uma receita francesa. Pelo que eu pude pesquisar, a ideia seria também suíça, e o nome bourguignonne vem da origem da carne (a Bourgogne é grande produtora). O curioso do fondue de carne é que o prato guardou o nome fondue, mesmo não tendo nada derretido na receita, porque é feito nos mesmos utensílios utilizados para o fondue original, de queijo.

Fica aqui o endereço do restaurante de queijos de Caen (vai saber, pode interessar alguém!). E em breve, posts sobre os outros dois pratos clássicos do inverno francês.

Maître Corbeau - Restaurante especializado em queijos
http://www.maitre-corbeau.com/
8 Rue Buquet
14000 Caen

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

6 coisas de que gosto / não gosto no inverno da França

Ok, o inverno oficialmente só começa no dia 21 de dezembro. Mas como o frio chegou com força por aqui, já estou em "modo inverno" há quase um mês. Resolvi fazer então uma listinha das coisas que gosto e não gosto no inverno da França:

GOSTO:

1-      É tempo de usar casacos, cachecóis e botas! A gente fica muito mais elegante.
2-      Ver a neve caindo... tudo fica tão bonito branquinho!
3-      Adoro "pegar" um floco de neve e observar bem de perto. Eles têm mesmo aquela forma do desenhinho do freezer, sabe?
4-      Entrar em um lugar quentinho e tomar um chá ou um vinho quente.
5-      É época de mexericas!!! As que são vendidas aqui na França são pequenininhas (nada de ponkan, hehehe), normalmente vêm da Espanha ou do Marrocos, chamam-se mandarines ou clémentines e são quase sempre bem docinhas! Adoro!
6-      Comer os três "pratos clássicos do inverno francês", bem quentinhos e cheios de queijo derretido. Hummmm… (Post em breve por aqui)

NÃO GOSTO:

1-      As cores da moda inverno são um pouco tristes : preto e cinza demais pro meu gosto. Fica tudo meio monótono.
2-      Os dias são curtos demais… Saio de manhã para trabalhar (7h40) está escuro e às 17h00 já está tudo escuro de novo… (e não, eu ainda não saí do trabalho!)
3-      Dia de neve é bonito, mas é gelado. (dãr) E quando neve derrete em cima da gente, molha. (dãr) E o chão fica escorregadio. E o trânsito um caos (eu não dirijo por aqui, né, mas penso nos outros!)
4-      Ter que sair no frio para fazer qualquer coisa : ir ao supermercado, ao cinema, ao restaurante, à casa de um amigo,… ou pior, ao trabalho!!!
5-      Além de mexerica, só é época de pera, maçã e kiwi. Ou seja, escolha de frutas meio limitada.
6-      Os tais dos "pratos clássicos do inverno francês", como vocês bem devem ter imaginados, não são a coisa mais light do mundo…

Como eu com certeza esqueci de alguma coisa, complemento a lista quando/se lembrar de algo!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Neve !

Post ultra rapido (e sem acentos) so para mostrar que estamos de novo sob a neve. Ja faz uns dez dias mais ou menos que o frio chegou para valer aqui na França, e pelo jeito não vai embora tão cedo...

A vista não é fenomenal (estou em treinamento "internada" em um hotel até o final da semana, e infelizmente não tem vista para a torre Eiffel, hehehe) mas da para ver que tudo esta ficando branquinho. E estes "borrões" brancos são os flocos de neve que estão caindo desde hoje de manhã, tão grandes que são praticamente bolas de neve ! (ok, estou exagerando)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Abandono...

Não que isto seja novidade, mas este blog está de novo em estado de abandono.

Eu juro que tento e que sou cheia de boas intenções : a minha lista de ideias para posts tem mais de 20 itens! Mas eu simplesmente ando atolada de trabalho e, no momento, não vejo luz no fim do túnel, não.

Ontem, para vocês terem noção, trabalhei em casa até às 22h30. O resultado foi que eu sonhei com pára-choques... (Seria cômico se não fosse trágico).

Enfim, vou tentar atualizar o blog assim que tiver um tempinho, continuem passando por aqui. Só não vou prometer nada, porque se não daqui a pouco isto aqui fica pior que campanha política…

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Os franceses e os cigarros

Ontem entrou em vigor na França um aumento de 6% no preço dos cigarros, em uma nova tentativa do governo de reduzir o consumo de tabaco. Os franceses fumam muito e isso não é novidade para ninguém – pelo menos não para mim. Mas mesmo assim, essa é uma das facetas da vida francesa às quais eu não consigo me adaptar de jeito nenhum.

Tem dias em que saio de casa logo cedo e quando chego à esquina já levei três baforadas na cara: o empregado que está parado na calçada esperando a oficina vizinha abrir, alguém com quem eu cruzei atravessando a rua e o padeiro plantado na frente da padaria. Não, eu não estou exagerando, isto acontece de verdade. (Eu poderia tirar foto do padeiro fumando para provar para vocês, já que ele está lá quase todo santo dia, mas o dito cujo provavelmente iria me xingar) Ainda me surpreende sair do trem às oito da manhã, chegando ao trabalho, e ver o grande número de pessoas que vão logo mergulhando a mão no bolso do casaco para acender um cigarro.

Desde o início de 2008, quando entrou em vigor a lei anti-fumo, que proíbe o cigarro em lugares públicos fechados como restaurantes, bares e até mesmo boates, a coisa melhorou muito nestes ambientes. Sobrou o problema das mesinhas nas calçadas, algo tão francês, tão agradável em dias ensolarados... e tão insuportável para o nariz de quem não fuma, já que é o único reduto dos fumantes nos cafés e restaurantes. Se em bares e boates o problema está resolvido e eu volto feliz com o meu cabelo cheiroso para casa, quando a festa é na casa de alguém... cruzes! Ainda não consegui definir se é melhor ficar longe ou perto das janelas, onde em teoria eu posso respirar um ar mais fresco vindo de fora, mas onde a concentração dos fumantes é um pouco maior, para a fumaça “sair e não incomodar os outros” (como se adiantasse).


Reconheço que eu sou particularmente chata com cigarro, quase intolerante até (peço desculpas aos fumantes, mas meu nariz realmente não colabora). Analisando por este aspecto, fica fácil concluir que eu definitivamente estou no país errado: um site do Ministério da Saúde francês que busca a incitar a população a parar de fumar informa que, na França, 33% das pessoas de 12 a 75 anos fumam. Na faixa etária de 18 a 34 anos, os números chegam perto de 50%!!! Dá para explicar o espanto e o incômodo de quem vem de um país onde a taxa de fumantes na população adulta é de 19% (número que eu achei no site do Ministério da Saúde brasileiro)...

Além de aumentar regularmente o preço dos cigarros, o que tem resultado discutível, o governo francês baixou em abril um decreto que vai colocar aquelas famosas imagens horrorosas nos maços de cigarro por aqui. Os fabricantes têm até abril de 2011 para aplicar a nova regra, prazo dado pelo governo para que eles possam “utilizar o estoque de embalagens disponível”. Os fabricantes reclamam que um ano é pouco tempo para a adaptação e a criação das novas embalagens (cá entre nós, conversinha para boi dormir bem sem-vergonha...), mas pelo jeito não vai ter escapatória. Vamos ver, lá pelos idos de 2012, se as imagens conseguirão abalar a francesada e produzir o efeito esperado, a redução do consumo e do número de fumantes. Eu, em todo caso, vou ficar torcendo para que funcione...

domingo, 7 de novembro de 2010

O novo apartamento

Já que este final de semana teve um clima propício a ficar em casa (frio e chuvoso), aproveito então para apresentar o nosso novo apartamento aqui em Paris. Enfim, nem tão novo assim, nos mudamos no meio de julho.
O apartamento tem 50m2, o que para nós dois é bem razoável, principalmente porque o espaço é super bem aproveitado. Temos uma sala dupla - de um lado a parte sala de estar, com o sofá, a lareira (não sei se funciona, é mais pelo aspecto decorativo mesmo), a televisão (que não aparece na foto porque ela ainda não tinha sido comprada na época):


E do outro lado a mesa de jantar, várias prateleiras para os livros, um armário, um puff. (nós pretendemos também colocar uma mesa de escritório em um canto):


A cozinha é espaçosa e bem equipada: fogão a gás, um forno grande, geladeira grande com congelador separado. Tudo o que eu preciso para fazer minhas comidinhas:


E para terminar, o quarto fica em duplex, acessível por uma escada caracol. Legal porque fica um espaço separado do resto da casa, bem tranquilo.


Como no caso do apartamento anterior, este também é uma locação mobiliada. Nós estamos aos poucos acrescentando alguns elementos de decoração, mas o “pesado” dos móveis já estava no lugar. Alugar um apartamento mobiliado pode ser um pouco mais complicado, porque além de gostar do apartamento em si, a mobília tem que ser também do nosso gosto e de qualidade. Foi o caso para este apartamento, com uma vantagem a mais: não tivemos que nos preocupar em comprar móveis e carregá-los até o sexto andar, sem elevador! Porque sim, mais uma vez, temos seis lances de escadas para subir e descer todos os dias... (acho que era o nosso destino este ano, exercício diário para as pernas!)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Bain dissolvant express Sephora

Ontem, no Conexão Paris, a Lina postou sobre uma nova cor de esmalte da Chanel (cor linda, aliás).

E aí lembrei de uma coisa que descobri em fevereiro, em uma das minhas inúmeras visitas à Sephora : um removedor de esmalte (sem acetona), da marca da própria Sephora, que eu achei simplesmente MÁ-GI-CO.


Trata-se deste potinho aí em cima, que dentro tem uma espuma embebida no produto removedor de esmalte. E o princípio de funcionamento é que é bem interessante : tem um furo no meio da espuma para você colocar o seu dedo. Você coloca então sua unha cheia de esmalte lá, gira o potinho com a outra mão umas 3, 4 vezes… e pronto !!! Seu esmalte saiu !!! Sem aquele monte de algodão, borração de dedo, produto escorrendo e etc etc. Esmalte vermelho tenho usado menos, mas quando eu usei, funcionou muito bem também.E ah, o produto é bom, não deixa minha unha ressecada.

Recomendo de verdade (custa 7,90€). Se alguém quiser encomendar, entrem em contato com a dona Conceição, que vem para cá no Natal ! :-)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Steak tartare

Quem já visitou a França ou conhece alguém que já visitou, talvez tenha ouvido falar de um prato que os franceses adoram e que costuma causar um certo efeito nos brasileiros: o steak tartare.

A receita do steak tartare é simples: carne moída de boa qualidade, crua. Um ovo quebrado por cima – isso mesmo, cru. E vários temperos para acompanhar: cebola, alcaparras, molho inglês, ketchup, tabasco, picles, entre outros. Às vezes estes temperos são servidos separadamente e cada um tempera a seu gosto, às vezes a carne já vem temperada, é só misturar o ovo e comer, e às vezes já está tudo preparado, inclusive o ovo. O prato normalmente vem acompanhado de fritas ou salada.



Eu não sei se o que mais choca os brasileiros é a carne crua ou o ovo cru. Embora eu goste de steak tartare, confesso que tenho um probleminha com ovos crus, acho meio nojento, mas neste caso como se mistura tudo com a carne, o ovo acaba “sumindo”.

(Abre parêntese sobre ovo cru)
Outro dia a Thácia, no Estragando Comida Pronta, estava desconfiada que a Ofélia não conhecia salmonela. Eu ainda não decidi se os franceses não conhecem, ignoram ou se a dita cuja simplesmente não existe por aqui, porque virou mexeu você topa com um ovo cru (ou quase cru) em algum prato que eles adoram.

O primeiro exemplo é o steak tartare.

Exemplo 2, “oeuf à la coque” – o ovo cozinha em água fervente por 3 minutos (se é que dá para chamar 3 minutos de cozinhar...) e é colocado em um suporte. Você quebra a casca no topo do ovo e come molhando pedacinhos de pão nele. Os franceses gostam tanto de comer ovo assim que até se deram ao trabalho de criar um nome para os pedacinhos de pão para molhar no ovo – chamam-se “mouillettes”.

Exemplo 3, pizza com ovo. Não, nada a ver com pizza portuguesa no Brasil, onde o ovo primeiro é cozido e os pedacinhos são espalhados na pizza. Na França, quando você pede uma pizza com ovo, você vai receber algo assim:



O ovo é estalado em cima da pizza já no final do cozimento – ou seja, não dá tempo de cozinhar coisa nenhuma e ele vem assim todo mole por cima da pizza inteira...

E deve ter mais exemplos, mas acho que vocês já entenderam o espírito da coisa.

(Fecha parêntese sobre ovo cru).

Voltando então ao steak tartare, aos curiosos que quiserem experimentar, três opções:

1- Fazer em casa. É só comprar carne fresca e boa (tipo filé mignon) em um açougue de confiança e ovos frescos. (Sim, eu já fiz no Brasil e ninguém teve salmonelose)

2- Estando na França, é muito fácil encontrar restaurantes e brasseries com o prato no cardápio.

3- Em restaurantes de São Paulo, já vi algumas vezes o tartare nos cardápios. O Clément já comeu na Mercearia do Francês (em Higienópolis) e no Deck, restaurante do cinema Reserva Cultural (na avenida Paulista). Onde, aliás, foi muito engraçado ver o garçom gentilmente avisando o francês: “a carne é crua, hein, senhor?!”

Em boca fechada...

Por que eu fui dizer que não estava sendo muito afetada pela greve? Hoje o povo resolveu fazer manifestação nas linhas do trem, e virou uma zona: trens atrasados, cheios, parando em mais estações do que o normal... Ai ai ai

Tempo na França: 8,75 meses
Número de greves: 8
Dias de greve: 19

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Uma semana de greve

Hoje a greve completa uma semana e eu decidi que era hora de atualizar o contador. A média está ficando impressionante, praticamente uma greve/ dois dias por mês.

Mas vamos reconhecer que eu particularmente não estou sendo lá muito afetada. Meu trem das 7h56 está cancelado faz uma semana, ok, mas não é tão difícil assim pegar o que sai meia hora antes ou meia hora depois (um pouco mais cheios, é verdade). Metrô e ônibus estão funcionando quase normalmente, trens anulados são alguns, principalmente em direção ao sul da França (onde a adesão à greve está um pouco maior). Neste final de semana fomos a Bruxelas e não tivemos problema nenhum.

Na verdade a queda de braço está pior em relação aos combustíveis : os sindicatos bloqueiam as centrais de distribuição, aí a polícia vai e desbloqueia, aí eles bloqueiam outra, a polícia desbloqueia, o sindicato... bom, enfim, vocês entenderam. Desde segunda-feira não para de passar na televisão o tamanho das filas para abastecer. Tenho vários colegas que vêm de carro para o trabalho e que estão preocupados com o nível do tanque de gasolina/diesel. Um colega ficou uma hora e meia na fila ontem. Tem diretor de rede de supermercados anunciando que daqui a pouco não vai mais conseguir abastecer as gôndolas. Enfim, meio caótico. Os estudantes também decidiram botar lenha na fogueira, bloquear os colégios, fazer greve e manifestar.

Enquanto isso, Monsieur Sarkozy bate o pé e finge que nem é com ele. Até porque ele não tem muita escolha, convenhamos. Não vou julgar se a lei da reforma da previdência, razão de tudo isso, foi feita da melhor maneira possível, mas que algum tipo de reforma é necessário é indiscutível. A lei deve passar no Senado amanhã, e como as férias escolares da Toussaint (Todos os Santos) estão chegando, o povo deve se acalmar para poder encher os tanques e ir viajar tranquilo…

Tempo na França: 8,75 meses
Número de greves: 8
Dias de greve: 18

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Feliz aniversário, irmãozinho!

Existem coisas chatas na vida de uma pessoa expatriada. Uma delas é quando chegam estes dias e momentos especiais, na vida de pessoas também especiais, mas que estão longe… Recentemente, dois casais de amigos muito queridos celebraram seus casamentos. Hoje é aniversário do meu irmão. E eu aqui, longe, nesta manhã fria de outono parisiense.

Verdade que a tecnologia ajuda bastante nestas horas, eu só imagino como deveria ser viver fora do seu país há 20 anos atrás. Hoje a gente pode mandar e-mail. Mensagem no orkut. Mensagem no blog. Conversar pelo msn. Dar um tchauzinho pela webcam. Mandar fotos digitais. Meu telefone de casa tem até ligações ilimitadas para fixos do Brasil, de graça!

Mas o que é chato é que mesmo assim não é suficiente… A gente preferia estar lá, de verdade. Dar um abraço, um beijo. Dar um presente e ver o sorriso no rosto. Dar risada juntos. Comer bolo de chocolate.

Mas enfim, enquanto não inventarem um tele-transporte instantâneo (baratinho, de preferência) Torre Eiffel <=> Pirulito de Vinhedo, a gente vai levando assim mesmo. Então, irmãozinho, parabéns à distância ! Muitas felicidades, muita saúde, sorte, e coragem! Continue trabalhando, se esforçando, e sendo esta pessoa alegre, companheira, amiga. Amo você!

E só para ilustrar um pouco o post, vou colocar uma foto que tirei outro dia de uma parte da decoração do Gabriela, um restaurante brasileiro aqui em Paris, muito bom (e assunto para um post em breve). Impossível não lembrar do meu irmão vendo tal imagem:



P.S. Se eu bem conheço a figura, o Bozolipe foi lendo o post e ao mesmo tempo preparando na cabeça o comentário, algo neste estilo : "Muito obrigada, maninha, também amo você e estou com saudades ! Eu congelo um pedaço de bolo de chocolate para você, mas sobre o presente… olha, Submarino e Fnac.com estão aí para isso, eles aceitam cartão de crédito e entregam em casa, embrulhado para presente inclusive ! E viva o Santos !" Será que eu acertei? ;-)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

20km de Paris

Este domingo foi um belo domingo de sol, temperatura agradável (talvez o último nesta espiral do clima em direção ao inverno tenebroso...). Nos arredores da Torre Eiffel, muito mais gente do que o costume, e os tradicionais grupos de turistas japoneses (na fila logo cedo para não perder tempo para subir) dividiam espaço com uma “tribo” diferente. (E os coitados dos vendedores de souvenirs estavam desolados de ver tanta gente que não dava a mínima bola para eles)



Eram pessoas de shorts, camiseta, meias e tênis nos pés, fazendo seu aquecimento, concentrando as energias para o momento tão esperado... Esportistas, como estes aqui:



Eu, obviamente, fui como mera espectadora. A largada foi impressionante, afinal, eram mais de 21 mil pessoas correndo por 20km nas ruas de Paris. A São Silvestre em São Paulo tem 20 mil participantes – ou seja, é algo equivalente, mas sem gente fantasiada! ;-)

O Clément treinou bastante, teve um bom dia e terminou a corrida contente, com um excelente tempo, em 872ª posição.

And counting...

E as greves contra a reforma da aposentadoria continuam. O principal ponto de discórdia desta bendita reforma é o aumento de dois anos da idade mínima para aposentar-se.

Os sindicatos de vários setores anunciam greve : trens, metrô, motoristas de caminhão, escolas e até mesmo o setor de energia (refinarias e eletricidade). E o pior, desta vez o aviso de greve é de um dia, mas "prolongável". Ou seja, pode ser que hoje à noite eles decidam que amanhã continua, e depois de amanhã, e depois… Atualizo o número de greves hoje e vamos ver onde vai dar!

Tempo na França: 8,5 meses
Número de greves: 8
Dias de greve: 11

P.S. Hoje à noite (final da tarde para vocês), prometo um post decente!

Atualização às 20h10: Acabei de ver no telejornal que a greve hoje atingiu até a Torre Eiffel! Não havia funcionários suficientes para garantir o expediente e o acesso à torre foi fechado na parte da tarde. Ai ai ai.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Blog e contador de greves desatualizados...

Sim, o blog voltou ao abandono... Apesar da instalação da internet em casa, o problema agora é que eu não estou parando em casa! ;-)

Desde segunda-feira passada estou participando de um treinamento da empresa que dura duas semanas e meia e funciona em esquema "colégio interno": ficamos hospedados a semana toda em um hotel, já que temos curso o dia todo, no início da noite, e também jantares com gerentes e diretores. Interessante, mas puxado.

O resultado é que o blog ficou sem atualização, mas o lado bom é que eu escapei dos efeitos de mais uma greve (mais uma vez contra a reforma da aposentadoria). Mas para constar, fica a atualização do contador de greves (e mais o pré-aviso de uma nova greve, e a promessa de tentar colocar ao menos um postzinho esta semana).

Tempo na França: 8 meses
Número de greves: 7
Dias de greve: 10

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Terceira etapa: Mahé

Mahé é a maior ilha das Seychelles, com 74 mil habitantes e 150 km2. A ilha é bastante montanhosa, com um pico a 905m de altitude, o que deixa a paisagem bem charmosa, com praias coladas em montanhas cheias de vegetação exuberante – me lembrou um pouco a região do litoral norte de SP e sul do RJ. (A diferença principal é a cor da água, sempre azul-esverdeada transparente).

Em Mahé nós também alugamos um carro e demos a volta na ilha. Visitamos a capital do país, Victoria, com seu mercado multicolorido onde encontramos peixes, legumes, frutas tropicais e as mais diversas especiarias (fiz um estoque de canela, baunilha, curry, pimenta, etc.):



Victoria tem também um “Big Ben” em miniatura (Mini Ben?!), no meio da rotatória:



Visitamos também uma plantação e fábrica de chá, que fica no centro da ilha, em uma parte mais alta – a vista seria linda se o tempo estivesse bom, o que não era o caso naquele dia. Fomos também ao “Jardin du Roi”, uma plantação de diversos tipos de frutas, ervas medicinais e especiarias.

E terminamos a volta da ilha com paradas em (mais) algumas belas praias, como por exemplo Anse Takamaka:



E Anse Soleil, para admirar o pôr-do-sol:



O resto do tempo aproveitamos para ficar no hotel mesmo, já que estávamos hospedados em um Resort, o Constance Ephelia Resort. O hotel tem duas praias dentro do seu terreno, bem bonitas (abaixo, foto da praia do norte):



Além disso tinha piscina, 4 restaurantes, quadras de tênis, spa e o escambau. O Clément por exemplo aproveitou para fazer um pouco de windsurf:



E assim fechamos nossas férias com chave de ouro... Difícil foi se animar para pegar o avião de volta para casa!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Volta às greves

Mal terminaram as férias, os sindicatos franceses atacam novamente. As crianças voltaram às aulas na quinta-feira passada e hoje já tem greve… uma beleza! Trata-se de mais um dia de paralisação nacional, contra a reforma da previdência (sim, de novo, porque o negócio ainda não foi aprovado).

Os transportes, é claro, não poderiam ficar de fora e tem vários trens e metrôs fora de circulação hoje. As quatro amigas que desembarcam por aqui amanhã escaparam por pouco, porque o RER B, que liga Paris aos dois aeroportos, está com previsão de trânsito nulo.

Atualizando então o contador de greves do blog:

Tempo na França: 7,5 meses
Número de greves: 6
Dias de greve: 9

sábado, 4 de setembro de 2010

Segunda etapa: La Digue

La Digue é a quarta maior ilha das Seychelles, mas isto não quer dizer que ela seja muito grande: ela tem mais ou menos 6 km de comprimento e 3km de largura nos pontos mais largos, e uns 3000 habitantes. Carros? Somente uma meia dúzia de táxis e caminhõezinhos para transporte de mercadoria. Para circular na ilha, o negócio é ir a pé... ou de bicicleta, como a maioria das pessoas (locais e turistas):



Mesmo pequenininha, La Digue tem duas praias belíssimas que fazem a alegria dos turistas. A primeira é Anse Source d’Argent, que aparece em tudo quanto é catálogo e pôster de agência de turismo – é a praia que está na capa do nosso guia, por exemplo (o Lonely Planet versão francesa). Vejam a foto e entendam o porquê:



A segunda é Grand Anse, no lado oposto da ilha. Praia maior, mais selvagem, mais aberta, mas não menos bonita com todos os rochedos “emoldurando” os dois lados da praia:



Estas duas praias e mais as outras tantas espalhadas pela ilha e acessíveis de bicicleta (Anse Sévère, Anse Patates, Anse Bananes) são suficientes para a maioria das pessoas. Mas nós não resistimos e resolvemos seguir a dica do Lonely Planet e ir até Anse Marron, praia acessível por caminhada de 1 hora, com guia, já que a “trilha” não é algo materializado, fácil de ser seguida – precisa saber o caminho.
O nosso guia foi o Henry, seychelense (sei lá se é assim que se diz em português, mas se não é, neste blog fica sendo) muito simpático e que realmente sabe o que está fazendo. Porque a tal da trilha realmente não é fácil, com passagens com água até a cintura, trilhas bem fechadas na mata, e o pior de tudo, rochedos e mais rochedos, que temos que escalar, engatinhar, descer, ...



Quem me conhece sabe que eu não sou lá muito esportiva (Fernanda, campeã mundial em número de dispensas de educação física no colégio!) mas o Henry, com sua paciência de Jó (e a do Clément também, aliás), conseguiu fazer com que eu chegasse inteira. As paisagens no caminho já são lindas, e o visual na chegada faz a gente (quase) esquecer o esforço:



Praia linda, deserta, água transparente formando piscinas entre os rochedos, com peixinhos coloridos...
Enquanto a gente descansa neste paraíso, o guia vira cozinheiro e prepara um autêntico churrasco seychelense de peixe, com um tempero delicioso, servido em folhas de palmeira:





Depois do almoço, mais um pouco de descanso antes de continuar a trilha para voltar à “civilização”. No caminho, mais rochedos e mais paisagens paradisíacas:



Um outro passeio que fizemos a partir de La Digue foi para as ilhas Coco e Felicité. São pontos para prática de snorkeling. A paisagem da ilha Coco é muito bonita, mas o ponto onde paramos não era muito profundo e tinha algumas ondas, o que me perturbou um pouco para nadar (corais e ouriços marinhos com espinhos altamente pontudos me deixaram um pouco estressada). Já em Felicité, com profundidade de 4 a 5 metros, nadei tranquila e vi muitos e muitos peixinhos de tudo quanto é tamanho e cor, e até uma tartaruga marinha, vejam que bonitinha: (na foto, com o capitão do barco)



La Digue foi a ilha de que mais gostamos. Pequenininha, mas com praias lindas, bem tranquila com suas muitas bicicletas e poucos carros, pessoas simpáticas... Atípica e charmosa. Foi com um pouquinho de dor no coração que pegamos o barco de volta para Praslin, e logo em seguida o avião, com destino a Mahé, nossa terceira e última etapa.

Não, eu não me perdi em uma ilha deserta...

Embora a sugestão do Felipe no comentário do post anterior tenha me passado pela cabeça váááárias vezes enquanto perambulávamos pelas Seychelles, nós não nos perdemos por lá e voltamos sim para a França.

Tivemos mais uma semaninha de férias em La Palmyre (na costa Atlântica da França, não muito longe de La Rochelle) e aí voltamos a Paris e ao trabalho. E por dois motivos eu não voltei a escrever no blog:

1- Esse negócio de parar tudo por 3 semanas é bom e ruim ao mesmo tempo. É bom porque as férias são garantidas, mas o retorno é de lascar. Esta semana acho que foi a mais punk que já tive no trabalho – qualquer trabalho.

2- E para variar, estamos sem internet em casa. As operadoras de telecomunicações da França, como diz a minha mãe, devem ter feito curso com a Telefonica. Enfim, pelo jeito o negócio avançou e acho que semana que vem tudo está resolvido. Mas agora o Christophe arrumou um código de wireless público para a gente ir se virando.

Não é muito rápido, mas quebra o galho, então todo mundo pode voltar à leitura do blog que os posts que fecham a série das Seychelles estão prontos e serão publicados nos próximos dias...

sábado, 7 de agosto de 2010

Primeira etapa: ilha de Praslin

Praslin é a segunda maior ilha de Seychelles, com 8 mil habitantes et 26 km2. Não é muito grande, mas tem várias opções de atividades. Uma boa opção é alugar um carro e rodar a ilha, parando nas diferentes praias para admirar a paisagem. Alugar um carro é simples, o problema aparece na hora de dirigir – as Seychelles eram uma colônia inglesa e portanto... volante à direita no carro e manter a esquerda na estrada! O Clément se saiu muito bem globalmente, mas sempre acontecem umas situações engraçadas do tipo o motorista ir para o lado esquerdo quando vai pegar o carro, ou então ligar o limpador de para-brisas ao invés da seta, já que as alavancas também são invertidas.

Mas voltando à paisagem... São várias praias, de estilos diferentes, todas com areia branquinha e com aquele mar azul-esverdeado-transparente.
Por exemplo, na hora do almoço pegamos um “take away” (o marmitex das Seychelles) e almoçamos em Anse La Blague, uma praia quase deserta :



Mais tarde, fomos até Anse Lazio, considerada uma das mais belas praias do mundo:



E no dia seguinte andamos até Anse Georgette, uma praia bem charmosa e que hoje fica dentro de um resort (precisa pedir autorização para entrar):



Saindo um pouco do “departamento praias”, temos a Vallée de Mai (“Vale de Maio”), uma reserva natural onde existem muitos e muitos “coqueiros-do-mar”, um tipo de coqueiro nativo das Seychelles e que só existe nas ilhas de Praslin e de Curieuse. Este coqueiro dá um coco com um formato bem curioso... ele é conhecido como “coco-fesses”:



(precisa traduzir “fesses” ou a foto é auto-explicativa? ;-) )

Um outro passeio interessante é uma excursão que dura um dia inteiro, às ilhas de Cousin, Curieuse e Saint Pierre. A ilha de Cousin é uma reserva natural onde vivem mais de 350 mil pássaros, de várias espécies diferentes, algumas nativas e exclusivas das Seychelles. Tem tanto pássaro, mas tanto pássaro, que é impossível não vê-los (e levar uma “batizada” na camiseta é altamente provável... eu escapei, mas o coitado do Clément levou a dele). Tem inclusive passarinhos chocando tranquilamente, e bebês-pássaro nos ninhos, que às vezes são no chão:



Na ilha de Curieuse há tartarugas gigantes, que só existem nas Seychelles e em Galápagos. Elas são impressionantes, e muito dóceis:



E a ilha de Saint Pierre é um ponto onde os barcos param para um mergulho com máscara, para ver os peixinhos coloridos nas águas transparentes. Na verdade ele mal é uma ilha, não dá para desembarcar. Mas é um rochedinho pra lá de charmoso, convenhamos:



Depois de tudo isso... próxima etapa, La Digue.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Bem-vindos às ilhas Seychelles !

Este foi o destino que escolhemos para nossas férias / lua-de-mel atrasada. Seychelles é um país formado por 115 ilhas espalhadas no Oceano Indico, entre Madagascar e India. São apenas 86 mil habitantes, sendo 74 mil na ilha principal, Mahé. Ou seja, é um país pequenininho, com ares de cidade do interior do Brasil.
Por exemplo, nós desembarcamos em um aeroporto internacional que parece... hum... a rodoviária de Valinhos:



E em seguida fomos pegar um voo interno para a ilha de Praslin, nossa primeira etapa. O terminal de voos nacionais parece também a rodoviária... de Vinhedo:



O clima nas Seychelles é marcado por duas estações: o verão, de novembro a abril, mais quente e bastante chuvoso, e o inverno, de maio a outubro, de tempo mais seco. A temperatura não muda muito durante o ano todo, fica geralment entre 25 e 28 graus. Mas isso não quer dizer sol e céu azul o tempo inteiro, pelo contrário, o tempo é bem variável, com bastante vento (que muda de direção e intensidade de acordo com a estação), nuvens, nebulosidade. Por enquanto tivemos um pouco de tudo: sol, tempo abafado, ventanias malucas, um pouco de chuva. Desde ontem que o sol não dá muito as caras (apesar do calor), vamos esperar que a coisa melhore amanhã...

sábado, 31 de julho de 2010

Férias de verão

Estou de férias! Eu, o Clément e mais da metade da França, já que a maioria das pessoas tira férias nesta época do ano (principalmente entre os dois feriados do verão, 14 de julho e 15 de agosto). Muitas empresas inclusive impõem férias nesta época - é o caso da minha e da do Clément também.

Ontem voltando para casa eu estava reparando que várias lojinhas e restaurantes pequenos do bairro estavam fechados e com plaquinhas "férias entre dia tal e tal". Na verdade acho que os franceses deveriam nesta época do ano atualizar o mapa mundi e colocar "França - de férias". ;-)

Enfim, as férias começaram e para mim vão até o dia 22. E neste exato momento estou no aeroporto Charles de Gaulle, esperando para embarcar para a primeira parte das férias, que será tb a nossa lua-de-mel atrasada. Quem adivinhar para onde a gente vai, ganha uma batida de coco. (é claro que as poucas pessoas que sabem porque eu contei estão proibidas de participar).

Dicas: tem muito mar, sol, praias, e um tipo de coco de formato inusitado que só existe lá. (ah, o destino inicial da nossa lua-de-mel era Punta Cana, mas tivemos que mudar pq agora é época de furacão por aquelas bandas).

quinta-feira, 15 de julho de 2010

14 de julho

Ontem, 14 de julho, foi feriado aqui na França. Trata-se do dia nacional dos franceses, o aniversário da queda da Bastilha, marco inicial da Revolução Francesa.

Todos os anos a data é comemorada em diversas cidades da França com um espetáculo de fogos de artifício. Em Paris não poderia ser diferente e tudo acontece ao lado da Torre Eiffel. Estivemos por lá ontem (nós e mais metade do universo... entrar no metrô foi missão quase impossível!) e os fogos duraram meia hora. Neste site aqui vocês conseguem ter uma ideia de como foi:

http://14juillet.paris.fr/

E embora ontem tenha sido feriado, trabalhei e trabalhei muito, colocando ordem no novo apartamento já que a mudança foi no fds passado. Peço desculpas pelo blog abandonado, mas as coisas estão realmente complicadas entre a mudança e o volume de trabalho, com coisas infinitas para resolver nestas ultimas semanas que precedem as férias.

Férias que serão muito bem-vindas e devem levar os leitores do blog para um lugar bem exótico... (se tiver internet no hotel, claro).

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O verão chegou... mesmo!



36°C. Essa era a temperatura que estava marcando o termômetro de casa quando cheguei do trabalho. Um forno.

O problema do nosso apartamento é que todas aquelas janelas de vidro que o deixam tão luminoso (um belo ponto positivo no inverno daqui) têm também um efeito colateral: efeito estufa! O sol entra o dia inteiro – e dia inteiro no verão quer dizer das 6 da manhã às 10 da noite – e o ap vai esquentando, esquentando... e mesmo quando o sol começa a enfraquecer, o calor demora muito para sair já que as construções costumam ter boa isolação das paredes (o inverno...). Deixar as janelas abertas ajuda um pouco, mas durante o dia, como não fica ninguém em casa, só deixo uma frestinha. Vai que chove? Vai que entra uma pomba? (eu e as pombas...!)

Enfim, o calor está forte e o nosso apartamento definitivamente não é o mais adaptado para essas situações. Mas sem problemas, já que no final de semana que vem estamos de mudança, o contrato já está assinado e o novo apartamento, que só pode ser mais fresquinho que este, nos aguarda.

E para aproveitar o lado bom do verão, esse final de semana é na praia! Amanhã à noite pegamos o trem em direção a Arcachon, onde passaremos o final de semana com alguns amigos, na casa de praia da família do Gilles.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Greve pela aposentadoria

Aposto que vocês já estavam com saudades dos posts de greve, não?

Esta greve meio que já estava prevista desde a anterior, que foi para protestar contra a reforma da previdência que estava sendo trabalhada pelo governo e que seria anunciada em meados de junho.

Pois é, os meados de junho chegaram e anunciou-se a reforma, cujo ponto mais importante é o aumento da idade mínima para a aposentadoria, que passa de 60 para 62 anos. Reforma anunciada, greve convocada. Então vamos ao contador:

Tempo na França: 5 meses
Número de greves: 5
Dias de greve: 8

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Relatos expatriados de uma Copa do Mundo (2)

No final das contas, usar o terceiro jogo da França como exemplo para explicar o clima de Copa do Mundo por aqui vai ser um pouco complicado.

Primeiro, porque o jogo foi às 4 da tarde de ontem. E aqui, grande diferença em relação ao Brasil, não tem moleza: nada de sair mais cedo do trabalho, da escola, fechar lojas, parar tudo. A vida continua como se nada estivesse acontecendo. Os mais fanáticos já haviam previsto há semanas de gastar um dos dias de folga a que temos direito aqui na França (em torno de 10 dias por ano, depende da empresa, depende do contrato, ...) para poder assistir ao jogo. Eu conheço algumas pessoas que fizeram isso e que, infelizmente para eles, acabaram se arrependendo profundamente. E a maioria das pessoas, que não tirou folga, teve que se contentar em acompanhar os gols pelo “lance a lance” dos sites internet.

O segundo motivo é óbvio: a degringolada da seleção francesa depois da derrota contra o México, com direito a insultos publicados no jornal, brigas, greve de treino, pedido de demissão de dirigente da federação e tudo mais que vocês devem ter visto na imprensa. Os franceses estavam mais no clima “nem aí” ou “espero que se ferrem mesmo”, só uns gatos pingados ainda acreditavam em alguma possibilidade de vitória para que a França não saísse da Copa passando tanta vergonha.

No primeiro jogo da França, na sexta-feira dia 11, o clima era de festa. O jogo foi às 8 e meia da noite, então sem problemas com o trabalho. Nós fomos assistir ao jogo na casa do Vincent e da Agnès, éramos 9 pessoas ao todo. Vimos o jogo, conversamos, xingamos, demos risada, bebemos cerveja, petiscamos, jantamos. Bem legal. No caminho para lá, vimos muita gente pela rua com a camisa da França, indo ver o jogo também em casa de amigos ou em bares, restaurantes – muitos deles colocaram as tvs de plasma para funcionar e atrair o pessoal durante os jogos. Dois telões também foram colocados em Paris, um na praça da Prefeitura (Hôtel de Ville) e um no Trocadéro, ao lado da Torre Eiffel.

Estes telões transmitem todos os jogos, então servem também como ponto de encontro para torcidas de outros países. Como em Paris tem muito estrangeiro (tanto turista como morador), você sempre topa também com algum grupinho de torcedores portugueses, espanhóis, italianos, mexicanos, brasileiros... No jogo Africa do Sul x México, estávamos voltando para casa e passamos na frente de um restaurante mexicano durante o jogo, o pessoal todo aflito gritando na frente da televisão (o México estava perdendo naquele momento).

Uma coisa que fazemos bastante no Brasil e que aqui também tem, é bolão. Eu estou participando de dois, um com estes amigos com quem assistimos aos jogos da França e o outro no trabalho. E se interessa alguém, neste exato momento estou em primeiro lugar no bolão de amigos (total 14 participantes) e em terceiro no do trabalho (total 35 participantes). Vidente, a garota! hehehe

Os dois primeiros jogos do Brasil assisti em um pub inglês. Ideia do Thiago e do Mauro, dois amigos brasileiros, que organizaram a reuniãozinha de amigos brasileiros (e estrangeiros interessados). Foi bem legal, e até agora deu tudo certo! :-) Agora como Brasil x Portugal vai ser às 4 da tarde nesta sexta, ainda tenho que ver se vou conseguir sair do trabalho mais cedo. Visto o volume de coisas que tenho para fazer, estou achando improvável, mas enfim... quem sabe?! Mas se não vou ter que entrar no clima francês e me contentar com a internet e as mensagens do programinha que baixei para o iphone e que me manda uma mensagem sempre que rola um gol!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Relatos expatriados de uma Copa do Mundo (1)

A copa já começou há uma semana, mas eu ainda não tinha tido tempo para escrever. (Culpa da procura por apartamento, que será assunto de um post muito em breve.) No final das contas, sobrou para eu inaugurar os comentários da Copa com a derrota da França contra o México.

Não vou comentar o jogo, porque quem se interessa já viu o vexame. E o resultado foi que, depois de uma semana de euforia em relação a futebol, Copa do Mundo, bolões... a França hoje amanheceu bem esquisita. Tinha gente de mau humor. Tinha gente irritada. Tinha gente decepcionada. Tinha gente conformada. (E sim, tinha gente que não estava nem aí... mas eu sinceramente acho que estes são poucos, os franceses gostam bastante de futebol.) Achei muito estranho ouvir os comentários das pessoas no trem, na rua, no trabalho... e poder, felizmente, só olhar de fora. Porque ok, casei com um francês e gosto muito daqui, mas no futebol... cada um com seus problemas! ;-)

A imensa maioria dos franceses (eu diria que 99,9% é uma boa estimativa) culpa o técnico, Raymond Domenech, pela derrota. E tem também a culpa dos próprios jogadores, meio “moles”, desinteressados, individualistas. O jornal esportivo L’Equipe foi cruel em sua manchete de hoje :


E agora há pouco estava assistindo o “Guignols de l’info”, um programa diário de humor no formato de um jornal televisivo, feito com bonecos-caricatura (tem o boneco do Sarkozy, o do Zidane, o do Domenech... enfim, de tudo quanto é pessoa conhecida!). O assunto, é claro, foi a derrota da França, e achei dois momentos muito engraçados. O primeiro, o “resumo do jogo”:


Ou seja, dois mexicanos malhando uma pinhata em forma do galo símbolo da França.

E o segundo, dizendo que o que faltou à França foi o Zidane...




... pra dar uma cabeçada no Domenech!

Vou tentar atender o pedido do Felipe e no próximo jogo da França tentar mostrar como é um jogo de Copa do Mundo para os franceses. Vou tentar, porque não sei se o próximo jogo vai ser muito parâmetro, já que a França só se classifica se não der empate no jogo México x Uruguai e a França ainda por cima conseguir ganhar com 4 ou 5 gols de diferença. E como os franceses não acreditam em milagre, não sei se vão se dar ao trabalho de torcer...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

É hoje!

Hoje é o meu aniversário! Fica então como velinha do blog as minhas luzinhas preferidas em Paris (vistas da janela do apartamento):



E é hoje também que começa a Copa do Mundo, com direito a jogo da França. Quem sabe eu não ganho uma vitória uruguaia de presente? ;-)

(no fundo no fundo acho que não rola... mas não custa tentar hehe)

domingo, 6 de junho de 2010

Brunch

Nos finais de semana, os brunchs estão na moda em Paris. Nós, que acordamos cedo para trabalhar a semana inteira, aderimos totalmente à ideia de dormir até meio-dia no sábado ou no domingo e tomar este café-da-manhã/almoço reforçado. Às vezes em casa mesmo, made by me (ovos mexidos, salsichas, tomates, baguete, manteiga, pain au chocolat, suco de laranja e chá):


E às vezes em algum café ou restaurante com amigos, como este aqui do restaurante Fée Verte, bem original:


Tínhamos ovos mexidos com bacon e champignon, um sanduíche de frango, uma saladinha com molho de roquefort, e de sobremesa uma salada de frutas com “chantilly” de mascarpone. Muito bom.

La Fée Verte
108, Rue de la Roquette, 75011 Paris
Brunch : 19€

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dia mundial da diversidade cultural

No dia 21 de maio é comemorado o dia mundial da diversidade cultural. No Brasil eu nunca tinha ouvido falar nisso, mas na empresa em que trabalho aqui na França, todos os anos eles organizam uma comemoração para o dia: os estrangeiros que trabalham na nossa unidade são convidados a montar um pequeno stand expondo objetos típicos, fotos, costumes, comida, e o que quiserem, para mostrar um pouquinho de seu país de origem. Os stands ficam montados perto do restaurante da empresa, durante o horário de almoço.

Neste ano uns dez stands foram montados: Portugal, Espanha, Argentina, Rússia, Japão, China, Congo, ... e, é claro, o Brasil! Dois colegas brasileiros e eu nos encarregamos de levar uma boa quantidade de bugigangas para o trabalho e montamos nosso stand: bandeiras, fotos de viagem, camisas do Brasil (e do Flamengo, uma das colegas é flamenguista), bijouterias, berimbau, objetos que Clément e eu trouxemos da viagem para a Amazônia, sabonetes da Natura, havaianas:


Eu fiz brigadeiros, a colega flamenguista montou palitinhos de queijo com goiabada, nós sorteamos um par de havaianas a quem visitou o stand. Os franceses vinham olhar os objetos, perguntavam o que era, olhavam as fotos, pediam dicas de viagem, e por aí vai. Eles são em geral bem curiosos e gostam do Brasil. Achei bem interessante este pequeno evento e a oportunidade de conversar com os colegas e mostrar um pouquinho do nosso país e da nossa cultura para eles.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Greve geral

Greve de novo ?! Siiiim ! E desta vez é greve “geral”, contra a alteração da idade mínima de aposentadoria, que hoje é de 60 anos mas deve ser aumentada de um ou dois anos em meados de junho, quando o governo francês irá anunciar uma reforma da previdência.

Greve geral quer dizer que sindicatos de diversos setores estarão em greve: educação, correios, telecomunicações, energia, bancos, entre outros. Mas na verdade esta greve não é tão geral assim, já que o setor de transportes só vai participar de uma maneira mais leve, porque eles são protegidos por um regime especial de previdência, que não será afetado pela reforma.

Mesmo sendo uma participação leve, alguns trens foram anulados – inclusive o meu, claro. Então toca acordar meia hora mais cedo para pegar o trem anterior e enfrentar a estação de trem bagunçada e cheia. Vejam a foto da galera esperando os anúncios da plataforma de partida dos trens (em um dia normal, não tem nem 1/3 deste povo na estação neste horário):


Esta já é a segunda vez que escrevo sobre greve (e a quarta greve que enfrento no ano). Decidi que vou usar o blog como contador oficial de greves ! Então vamos lá :

Tempo na França: 4 meses e 5 dias
Número de greves: 4
Dias de greve: 7

domingo, 23 de maio de 2010

O apartamento

Outro dia a Taciana e o Daniel, de férias na Europa, vieram conhecer o nosso apartamento. E aí a Taci, com toda a razão, me deu um esculacho dizendo que há séculos prometi colocar fotos do apartamento no blog e ainda não tinha feito isso. Então antes que ela chegue de volta ao Brasil, vamos resolver este problema!

Este apartamento que estamos morando é uma locação mobiliada, assim, praticamente tudo o que está dentro dele (tirando nossas roupas, algumas bugigangas e a cafeteira) pertence ao proprietário. Eu gosto bastante da decoração e do estilo do apartamento, bem moderno.

Basicamente temos uma grande sala, com sala de jantar e cozinha, tudo no mesmo espaço:


E um quarto separado na outra ponta:


O apartamento está no sexto e último andar do prédio (sem elevador! Ufa, haja fôlego!) e portanto diretamente sob o telhado. Então ele é todo assim, meio inclinado, e foi deixado com toda a estrutura de sustentação do telhado visível:


Morar no último andar tem duas grandes vantagens: o apartamento é super bem iluminado, e temos vistas interessantes das janelas. Um lado é menos interessante, só os telhados do prédio e o apartamento do nosso vizinho e proprietário, e várias pombas que sempre ficam me assustando quando as janelas estão abertas, já que eu detesto pombas e morro de medo que elas entrem no ap (o que felizmente ainda não aconteceu, hehehe):


Já do outro lado, temos mais telhados de vizinhos, mas com uma vista parcial da Torre Eiffel ao fundo (à noite é mais bonito, vou colocar a foto outro dia).


E se abrirmos a janela, passarmos a cabeça para fora e olharmos à direita, vemos também a Sacré Coeur:


E pronto! Este apartamento foi uma solução temporária, só devemos ficar por aqui até julho (em breve recomeçamos a caça por um novo). Então se mais alguém quiser vir conhecê-lo, é bom se apressar...
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